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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 2 de mai.
  • 4 min de leitura
“Quando você se encontra num buraco, pare de cavar.”

Will Rogers



Brasil

A bandeira tarifária de energia passará da verde para a amarela, o que deve pressionar a inflação. Em contrapartida, com a queda acumulada do dólar e da cotação do barril de petróleo, a gasolina no Brasil está defasada, abrindo espaço para um possível reajuste para baixo nas próximas semanas. Uma boa notícia nas contas públicas: o Brasil registrou um superávit primário — que desconsidera o pagamento dos juros da dívida — de R$ 1,1 bilhão, impulsionado por um aumento de 5,4% na arrecadação e por um corte de R$ 2,9 bilhões nas despesas discricionárias. Apesar de positivo, esse superávit ainda é insuficiente para controlar a dívida pública.


Nos últimos 12 meses, apenas as despesas com juros somaram R$ 935 bilhões, o que equivale a um pagamento médio de R$ 77 bilhões por mês. O Caged de março mostrou forte desaceleração na criação de vagas de emprego.


Enquanto em fevereiro foram abertas 432 mil novas vagas, em março esse número caiu para 71 mil. Esse resultado, somado à alta da taxa de desemprego de 6,8% para 7,0%, reforça as expectativas de encerramento do ciclo de aperto monetário ainda este ano, desde que o governo reduza os estímulos fiscais, que têm efeito inflacionário. Na próxima quarta-feira, 7 de maio, o Copom decidirá a nova taxa Selic, atualmente em 14,25%. A curva de juros indica uma alta aproximada de 0,40 ponto percentual, o que revela um mercado dividido entre um aumento de 0,25 p.p. (com 40% de probabilidade) e de 0,50 p.p. (com 60% de probabilidade).


A postura de não retaliação do governo brasileiro em relação à guerra tarifária de Trump tem se mostrado uma estratégia diplomática eficaz. O país continua exportando para os Estados Unidos e vem ampliando o comércio com a China, ocupando o espaço deixado pelo agronegócio americano


Estados Unidos

Trump iniciou seu governo com uma agenda pró-mercado: redução do tamanho do Estado, corte e simplificação de impostos, além de desregulamentação — medidas que, à época, geraram grande otimismo no mercado. Entretanto, com o início da desastrosa guerra comercial, esse cenário se desfez rapidamente.


A sinalização de Pequim de que há conversas em andamento com os EUA — até então negadas — contribui para a recuperação dos mercados. Parece haver um consenso de que a postura rígida de Trump é mais uma tática de negociação do que uma convicção real. Sabe-se que a imposição de tarifas é economicamente inviável, pois resultaria em escassez de insumos nas fábricas, falta de produtos nas prateleiras e aumento dos preços. Assim, investidores aguardam até o último momento para ver qual saída será encontrada.


Os indicadores divulgados nesta semana começam a refletir as consequências da guerra tarifária. Na terça-feira, o índice de confiança do consumidor recuou de 93,9 para 86, o menor nível dos últimos cinco anos. No dia seguinte, o PIB do primeiro trimestre — cuja expectativa era de alta de 0,3%, após um crescimento de 2,4% no trimestre anterior — registrou uma retração de 0,3%. No mesmo dia, o relatório ADP mostrou que a criação de vagas de emprego no setor privado caiu de 147 mil, em março, para 62 mil em abril (a expectativa era de 114 mil). Esses três indicadores reforçaram os temores de uma recessão iminente. Nesta sexta-feira, o payroll — que inclui a geração de empregos no setor público — apontou uma leve queda em relação ao mês anterior, mas superou as expectativas, com a criação de 177 mil postos de trabalho.


Grandes empresas vêm divulgando seus resultados, e os investidores estão atentos não apenas aos balanços trimestrais, mas também ao guidance (projeção) para o restante do ano. Com o risco de recessão se aproximando, o mercado busca sinais positivos. Nesta semana, Microsoft e Meta (Facebook) animaram os investidores com resultados acima das expectativas e um guidance favorável, impulsionado pelo crescimento da inteligência artificial. Por outro lado, Amazon e Apple — ambas fortemente dependentes de fornecedores chineses — decepcionaram e apresentaram projeções desfavoráveis para os próximos meses. Na próxima semana, o Fed decidirá a taxa básica de juros, com o mercado apostando na manutenção em 4,25%. O mercado futuro (Fed Fund Futures), no entanto, projeta quatro cortes de 0,25 ponto percentual até dezembro, diante da desaceleração econômica provocada pela guerra tarifária.


China

O PMI — índice de gerentes de compras — de abril entrou em território contracionista, refletindo a queda das exportações para os Estados Unidos. No início do ano, empresários americanos haviam formado grandes estoques de produtos, antecipando-se à imposição das tarifas. Discretamente, para não dar a impressão de que está cedendo, o governo chinês retirou algumas tarifas sobre insumos americanos, a fim de evitar a escassez nas fábricas.


Na Bovespa, o saldo de compras de investidores estrangeiros em 2025

saltou de R$ 5,4 bilhões em 16 de abril para R$ 14,8 bilhões em 29 do mesmo

mês.


O S&P vem recuperando parte das fortes perdas sofridas entre fevereiro e

o final de março. Desde 8 de abril, o índice acumula alta de 13,8%, impulsionado

pela expectativa de uma solução para as disputas tarifárias.


O mercado de petróleo continua pressionado, mantendo a tendência de

queda em razão do aumento da oferta e das perspectivas de desaceleração

econômica geradas pela guerra comercial.


Apesar de uma economia menos dinâmica e de baixo crescimento, a União

Europeia tem se beneficiado da instabilidade nos Estados Unidos, atraindo

investimentos em busca de refúgio fora do mercado americano.


Até a próxima semana!

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1 Comment


juniorgoa
May 02

Muito rápido, atual e preciso nas informações.

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