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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 9 de mai.
  • 3 min de leitura

“Com sorte você atravessa o mundo, sem sorte você não atravessa a rua.” - Nelson Rodrigues

EUA

A semana começou e termina embalada pelo otimismo gerado pelo anúncio do primeiro grande acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido, que, segundo Trump, é o primeiro de muitos. O acordo manteve a tarifa de 10% sobre os produtos britânicos, mas flexibilizou as restrições às importações de aço, alumínio e automóveis. Trump negou ter cedido, preservando a imagem de negociador implacável, embora o gesto revele uma mudança de postura — mais pragmática e conciliadora.

A expectativa de que outros acordos sejam divulgados nos próximos dias, envolvendo Japão, Índia e Coreia do Sul, continua alimentando o otimismo do mercado. Autoridades americanas e chinesas se reunirão neste fim de semana, na Suíça, para tentar costurar um entendimento. Especula-se que Trump possa suspender temporariamente as tarifas ou reduzi-las de 145% para 20%. Embora isso ainda pressione a inflação, pode destravar o comércio bilateral, hoje praticamente paralisado.

Os operadores logísticos americanos já sinalizam uma forte queda nas importações, o que pode gerar desabastecimento nas prateleiras nas próximas semanas — uma situação à qual os americanos não estão habituados. A demanda por mercadorias chinesas caiu para um terço do que era antes da guerra tarifária. O cancelamento de viagens de cargueiros da China para os Estados Unidos aumentou 60%, superando o nível de paralisação registrado durante a pandemia de Covid-19.

Brasil

O Copom elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano, conforme esperado. Em seu comunicado pós-decisão, a autoridade sinalizou uma possível pausa no ciclo de alta dos juros na próxima reunião, ao utilizar os termos cautela e flexibilidade para descrever sua atuação. Destacou também que os efeitos das últimas elevações da taxa básica ainda não se refletiram completamente na economia, pois esse processo leva cerca de nove meses. O mercado segue dividido se haverá mais uma alta em junho, de 0,25%, mas as expectativas de início do ciclo de cortes, ainda no final deste ano, vêm aumentando.

Uma observação importante: no mercado de títulos, a inflação implícita — ou seja, a inflação precificada nas NTN-Bs — aponta um IPCA de 4,3% para os próximos 12 meses. Isso sugere que os investidores apostam que o Banco Central não perseguirá a meta central de inflação de 3%, mas sim o teto do intervalo, de 4,5%.

O IPCA de abril veio idêntico à sua prévia (IPCA-15), com alta de 0,43%, acumulando uma elevação de 5,53% em 12 meses — bem acima do teto da meta de 4,5%. Os itens que mais pressionaram os preços foram Saúde e cuidados pessoais (+1,18%), seguidos de Vestuário (+1,02%).

Juros EUA

O Fed manteve a taxa de juros inalterada em 4,25%, conforme esperado pelo mercado. Seu comunicado pós-decisão, entretanto, foi considerado surpreendentemente duro, com Jerome Powell afirmando que não há pressa em cortar a taxa, reforçando a percepção de que os juros permanecerão nesse patamar por um período prolongado, até que as incertezas decorrentes da guerra tarifária se dissipem.

Na semana passada, o mercado projetava quatro cortes de 0,25 ponto percentual ao longo deste ano. No entanto, a expectativa de um primeiro corte em junho evaporou, restando, talvez, a possibilidade de três cortes ainda em 2025.

Mercados Globais

O governo chinês já iniciou a implementação de medidas para atenuar os efeitos da desaceleração global provocada pela guerra comercial, com cortes na taxa de juros e na alíquota do depósito compulsório dos bancos. Apesar da acentuada queda no comércio com os Estados Unidos, as exportações de abril surpreenderam ao registrar um crescimento de +8,1%, superando amplamente a expectativa de apenas +1,9%. As importações recuaram apenas -0,2%, também melhor do que a projeção de queda de -5,9%. Neste primeiro momento, o gigante asiático parece ter conseguido diversificar seus mercados e consolidar novas parcerias comerciais.


A melhora no cenário externo, somada à ausência de novidades políticas em Brasília, continua impulsionando os ativos brasileiros. O Ibovespa registra alta nesta semana e já acumula um ganho superior a 13% no ano. O dólar segue em queda, e os juros futuros para janeiro de 2027 (DI Jan 2027) apresentam um leve fechamento (queda) de taxa, mesmo com a alta da Selic para 14,75% anunciada na quarta-feira. 

As negociações entre os Estados Unidos e a China ajudaram na recuperação do petróleo, que vinha sofrendo uma forte queda este ano devido à perspectiva de recessão global com a guerra tarifária. O Treasury de 10 anos registrou um aumento de 6 pontos base em sua taxa nesta semana, após o comunicado mais enfático do FED, que decidiu manter os juros inalterados. 

O mercado deverá continuar monitorando de perto as novidades sobre os acordos comerciais entre os Estados Unidos e o restante do mundo, na expectativa de uma normalização, na medida do possível, das relações comerciais. 

Até a próxima semana!

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