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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura
“Vale a pena repetir: vencedores constroem pontes. Perdedores, paredes.” - Frank Underwood (House of Cards)

Nos Estados Unidos, a paralização (shutdown) do governo, que vem atrasando até mesmo a divulgação de indicadores econômicos importantes, não tem afetado o humor dos investidores, que seguem animados com as empresas de tecnologia e as perspectivas de crescimento em torno da inteligência artificial.


O principal evento da semana no Brasil foi a derrota expressiva do governo com a Medida Provisória nº 1.303, que seria uma alternativa ao aumento do IOF, barrado pelo Congresso. O Planalto precisará adotar medidas drásticas para seguir com seu plano de ampliação dos gastos em 2026.


Brasil – Política

A MP 1.303 caducou após ser retirada da pauta de votação no Congresso, representando uma derrota significativa para o governo, que deixará de arrecadar cerca de R$ 31,4 bilhões entre 2025 e 2026, criando um rombo orçamentário até o fim do mandato.


Lula, que aumentou impostos 27 vezes em três anos no Planalto (fonte: Poder360) contava com essa arrecadação para reforçar as contas públicas em um ano pré-eleitoral.


As alternativas do governo agora são: (1) cortar gastos para cumprir o orçamento já aprovado (pouco provável, dado o desejo de expandir despesas em um ano eleitoral); (2) rever a meta fiscal (o que seria interpretado pelo mercado como um enfraquecimento do arcabouço fiscal); ou (3) criar ou aumentar impostos para elevar a arrecadação, cenário considerado o mais provável.


Uma quarta alternativa, entretanto, começa a surgir: o ministro do STF Cristiano Zanin desengavetou uma ação que questiona a constitucionalidade da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos, aprovada pelo Congresso em abril de 2023. Mais uma vez, o governo pode recorrer ao Judiciário para tentar reverter derrotas no Legislativo. Coincidência ou não, o valor envolvido na ação é praticamente o mesmo que seria arrecadado com a MP 1.303.


Brasil – Indicadores econômicos

O Boletim Focus do Banco Central apontou nova leve queda na projeção de inflação para este ano, de 4,81% para 4,80%, enquanto a estimativa de crescimento do PIB foi mantida em 2,16%. Apesar da melhora, os analistas ainda projetam inflação acima da meta até 2027.


O IPCA de setembro registrou alta de 0,48%, abaixo das expectativas de 0,52%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,17%. O resultado foi bem recebido pelo mercado, pois tanto os núcleos de inflação quanto o índice de difusão vieram abaixo da média histórica para o período.


Apesar desse alívio, a expectativa de novo corte de juros em dezembro parece ter sido descartada. O mercado agora aposta em uma redução apenas na primeira ou segunda reunião de 2026, reflexo do tom mais conservador de Galípolo, que tem manifestado preocupação com as expectativas de inflação desancoradas devido ao risco fiscal.


EUA

A ata da última reunião do Federal Reserve revelou um comitê dividido quanto ao rumo da política monetária, diante de sinais econômicos contraditórios: uma inflação ainda persistente e um mercado de trabalho que começa a mostrar fraqueza.


Dez membros esperam mais dois cortes de juros até o fim do ano, enquanto nove projetam apenas um ou nenhum corte. A próxima reunião ocorrerá em três semanas, mas o dado de emprego (payroll), o mais relevante para orientar a política monetária, não foi divulgado por causa da paralização, o que dificulta a leitura do cenário pelo FED.


Embora o shutdown ainda não tenha impactado os mercados, a falta de solução para o impasse tende a gerar problemas sérios ao governo americano nos próximos dias, incluindo a suspensão de salários de servidores federais e a paralisação de diversas atividades essenciais.

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As perdas no mercado brasileiro se ampliam nesta sexta-feira, com os investidores acompanhando de perto a movimentação do governo para tentar reverter a derrota no Congresso da MP 1.303. O Planalto não aceitou o resultado e deve buscar, a qualquer custo, medidas para sustentar sua agenda de gastos nos próximos meses.


Apesar da queda de 7 pontos-base no DI para janeiro de 2027, os títulos do Tesouro registraram alta em suas taxas ao longo da semana, enquanto o dólar acumulou forte valorização.


A disparada do ouro, a maior desde a década de 1970, quando o padrãoouro foi abandonado, continua estampando as manchetes. Nesta semana, o metal ultrapassou pela primeira vez a cotação de US$ 4.000 por onça-troy, refletindo uma crise de confiança não apenas no dólar americano, mas também nas próprias instituições governamentais dos Estados Unidos.


Ao observar o desempenho das bolsas americanas neste ano, fica evidente que o investidor busca exposição às empresas de tecnologia voltadas à inteligência artificial, mas tenta, ao mesmo tempo, reduzir o risco soberano, diante da condução política errática e imprevisível de Trump.


O acordo de paz entre Israel e Hamas, que prevê a libertação de reféns e a retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza, reduziu o risco de escalada do conflito e contribuiu para a queda do preço do barril de petróleo.


A disputa política em torno das eleições de 2026 deve dominar a atenção dos investidores nos próximos meses, mesmo sem a oposição ter, até o momento, se articulado em torno de um candidato viável à presidência. O que parece certo é que o próximo chefe do Executivo precisará implementar uma ampla e impopular reforma econômica para evitar o colapso das contas públicas e conter o avanço da dívida.


Até a próxima semana!

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