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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura
“A maldade bebe a maior parte do veneno que produz” - Sêneca

Brasil

No Brasil, os investidores acompanharam a crise política instaurada com o decreto que elevou o IOF. Ao que tudo indica, o impacto político e sobre o setor produtivo foi maior do que nos mercados financeiros. O Congresso e o setor privado já se mobilizaram para reverter a medida: a Câmara e o Senado protocolaram mais de 20 propostas de suspensão do decreto. O deputado Hugo Motta deu um prazo de 10 dias para que o governo revogue o aumento do IOF e apresente uma alternativa. O ministro Fernando Haddad, por sua vez, afirma que a revogação comprometeria o funcionamento da máquina pública e que não há espaço para novos cortes sem a implementação de reformas estruturais. É verdade, mas essas reformas, embora fundamentais e inadiáveis, não parecem estar nos planos do governo neste momento. Essa crise deverá ser herdada pelo próximo presidente.


Conforme já mencionamos, apesar da comoção gerada, a medida teve impacto limitado sobre os ativos brasileiros — possivelmente porque o aumento do IOF é uma medida fiscal restritiva, o que pode contribuir para o trabalho do Banco Central no controle da inflação e no início de um ciclo de queda dos juros.


Falando sobre o trabalho do Banco Central, dois indicadores de inflação foram bem recebidos pelo mercado. O IPCA-15 de maio apresentou desaceleração em relação ao mês anterior e veio abaixo das expectativas, com alta de +0,36%, fazendo o acumulado em 12 meses recuar de +5,49% para +5,40%. Já o IGP-M registrou deflação de -0,49%, após alta de +0,24% em abril, alimentando a expectativa de encerramento do ciclo de alta da Selic.


O Caged, por outro lado, apontou a criação de 257 mil novas vagas formais de emprego, número bem acima da expectativa de 175 mil. Uma boa notícia para o trabalhador, mas um dado que pode pressionar a inflação. Já o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,4% na comparação anualizada com o trimestre anterior, dentro das expectativas do mercado.


EUA

A semana começou com o feriado de segunda-feira nos Estados Unidos e com a ameaça de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre as importações provenientes da União Europeia, o que provocou quedas nos mercados europeus e asiáticos. Ao longo do feriado, Trump suspendeu temporariamente essa medida até julho, com o objetivo de barganhar concessões. A incerteza tarifária, somada ao recente orçamento deficitário aprovado pelo Congresso, tem deteriorado a confiança na economia americana, enquanto os fluxos de investimento seguem em direção a outros países.


A decisão do Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, que suspendeu as tarifas impostas por Trump ao considerar que o presidente excedeu seus poderes ao utilizar a Lei de Poderes Emergenciais (de 1977), trouxe certo alívio aos mercados. No entanto, Trump recorreu da decisão e obteve uma reversão em um Tribunal Federal de Apelações. Diversas empresas conseguiram, individualmente, suspender as tarifas que lhes foram aplicadas. A pacificação dessa disputa deve terminar na Suprema Corte.


A divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, geralmente um evento de grande impacto para os mercados, foi ofuscada pelos acontecimentos mencionados. O documento não trouxe novidades: a autoridade monetária manteve um tom cauteloso e reiterou a necessidade de mais dados antes de iniciar um eventual ciclo de corte de juros.


A Nvidia divulgou um balanço trimestral acima das expectativas, impulsionado pela crescente demanda por soluções de Inteligência Artificial, o que beneficiou o setor de tecnologia como um todo.


O Índice de Gastos Pessoais (PCE), principal indicador de inflação monitorado pelo Fed, apresentou alta de 0,1% em abril, tanto na leitura cheia quanto no núcleo. No acumulado de 12 meses, o PCE recuou de 2,3% para 2,1%, enquanto seu núcleo — mais relevante para a política monetária — caiu de 2,7% para 2,5%. Embora os números tenham sido positivos, não chegaram a impulsionar a Bolsa americana.

Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira

Após seis semanas consecutivas de alta, o Ibovespa registrou queda pela segunda semana seguida. O movimento de valorização vinha sendo bastante vigoroso, mas foi interrompido pelo decreto que eleva o IOF — medida que deve encarecer ainda mais o crédito para as empresas, já pressionadas por uma Selic de 14,75% ao ano.


O dólar subiu 1,1% e voltou ao patamar de R$ 5,70, enquanto o DI janeiro 2027 — contrato futuro de juros mais líquido — avançou 11 pontos-base, voltando a operar acima dos 14% ao ano.


No Brasil, o mercado deve acompanhar de perto os desdobramentos da "novela" do IOF. Já nos Estados Unidos, as declarações contraditórias de Donald Trump devem continuar mantendo a atenção dos investidores.


Até a próxima semana!

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