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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 13 de jun.
  • 4 min de leitura
"Se você ficar uma semana fora do Brasil, tudo muda. Se você ficar 7 anos fora, nada muda" - Gustavo Franco

Os ativos brasileiros iniciaram a semana em queda, após a reunião entre o ministro Fernando Haddad e líderes do Congresso e do Senado, realizada no domingo. A pauta do encontro foi a reformulação das medidas de aumento da arrecadação por meio de impostos — com destaque para o IOF — como solução para o déficit fiscal. Houve um certo abrandamento nas medidas arrecadatórias, mas praticamente nenhuma ação concreta do lado dos cortes de gastos.


A proposta foi mal recebida pelo mercado, e alguns partidos de peso já anunciaram que deixarão a Medida Provisória caducar, sem convertê-la em lei. A insatisfação com as ações do Ministério da Fazenda parece generalizada. Ontem, o deputado Hugo Motta anunciou que convocará uma votação de urgência na próxima semana para derrubar o decreto, afirmando que 320 dos 513 deputados se posicionam contra o governo.


Coincidência ou não, Motta já havia demonstrado irritação, no meio da semana, com a cobrança feita por Flávio Dino, ministro do STF, acerca dos pagamentos destinados — segundo palavras do próprio Dino — às “emendas de comissão paralelas” e a um suposto “novo orçamento secreto do Ministério da Saúde”. Na ocasião, Motta ameaçou que, caso os repasses aos parlamentares fossem novamente paralisados, projetos de interesse do Planalto não seriam aprovados.


A Medida Provisória, no entanto, traz algumas vantagens que merecem ser mencionadas: a implementação de uma alíquota única e a padronização da compensação entre diferentes ativos simplificam a apuração dos resultados e promovem maior equidade tributária, ao eliminar produtos de investimento isentos de IR para pessoas físicas.


Por outro lado, ativos atualmente isentos de imposto de renda — como FIIs, FIPs, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, debêntures incentivadas, entre outros — perderão parte de sua atratividade com a nova tributação e onerar as captações para financiamento de dois pilares da economia brasileira: o agronegócio e o setor imobiliário. Haverá também o aumento da carga tributária: a alíquota sobre renda fixa com vencimento acima de dois anos e os ganhos de capital com ações, atualmente em 15%, serão tributados em 17,5%.


Brasil

O IPCA de maio registrou um expressivo recuo da inflação, ao subir 0,26%, após a alta de 0,43% em abril. Apesar da pressão exercida pelo item energia elétrica — que avançou 3,62% devido à mudança na bandeira tarifária — o resultado foi motivo de comemoração. Tanto os núcleos quanto o índice de difusão vieram abaixo do esperado, e o grupo de alimentos desacelerou significativamente, passando de uma alta de 0,82% para 0,17%.


Com esse resultado, parte do mercado acredita que o Banco Central não deverá elevar a Selic em 0,25 ponto percentual na próxima reunião, como alguns vinham antecipando. Esse aumento levaria a taxa de juros a 15% ao ano. A inflação acumulada em 12 meses, entretanto, permanece elevada, atingindo 5,32% — acima do teto da meta do Banco Central, que é de 4,50%.


EUA

A inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI), dado mais aguardado pelo mercado, surpreendeu positivamente ao registrar um crescimento abaixo das expectativas. O CPI cheio subiu 0,1% em maio, frente à expectativa de 0,2%, enquanto seu núcleo avançou 0,1%, ante uma estimativa de 0,3%. No acumulado de 12 meses, a inflação está em 2,4%, ainda acima da meta do Federal Reserve, que é de 2,0%.


O dado animou os mercados, reacendendo as expectativas de um possível corte de juros ainda este ano pelo Fed, apesar das incertezas provocadas pela guerra tarifária.


Após sinalizar que as negociações com Pequim estavam avançando — embora sem apresentar detalhes —, o presidente Donald Trump voltou a ameaçar o gigante asiático (e outros países) com tarifas ainda mais altas sobre automóveis importados, atualmente taxados em 25%. Além disso, anunciou que, a partir de 23 de junho, eletrodomésticos e outros produtos classificados como “derivados do aço” estarão sujeitos a uma tarifa de 50%.


Diante desse nível de incerteza, qualquer planejamento se assemelha a uma roleta.


Oriente Médio

Nesta sexta-feira, Israel realizou seu maior ataque aéreo contra o Irã desde a guerra Irã-Iraque, na década de 1980. Foram mobilizados 200 aviões de guerra para atingir 100 alvos estratégicos em território iraniano. Além disso, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica foram mortos, juntamente com os seis principais cientistas nucleares do país.


Em resposta, o Irã ameaçou fechar o Estreito de Ormuz — importante rota do comércio global — e lançou 100 drones contra Israel, todos interceptados com sucesso pelo sistema de defesa israelense.


O barril de petróleo ultrapassou os US$ 70 e, caso permaneça sob pressão, poderá comprometer a trajetória de queda dos índices inflacionários.

Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira

O mercado brasileiro demonstra sinais de recuperação nesta semana, após a repercussão negativa da MP do IOF. O Ibovespa sobe 1%, enquanto o dólar recua 0,4%, sendo cotado a R$ 5,54. É importante destacar que o Índice Dólar (DXY) caiu 1% na semana, refletindo as incertezas na política americana. Com isso, o dólar americano atingiu seu menor patamar, frente à cesta de moedas do DXY, nos últimos três anos.


O IFIX, índice dos fundos imobiliários, sofreu forte pressão com a notícia de que deixará de pagar rendimentos isentos de IR a investidores pessoa física que, segundo a Economática, são 97,5% do total. Apesar disso, apresentou uma boa recuperação nesta sexta-feira, possivelmente impulsionado pelo anúncio do deputado Hugo Motta sobre a votação para derrubar a medida proposta pelo ministro Haddad.


Nos mercados internacionais, os destaques são o ouro e o petróleo. O ouro avança 3,6% na semana e já acumula alta superior a 30% no ano, impulsionado pelas tensões no conflito entre Israel e Irã. O petróleo, por sua vez, sobe 11% apenas nesta semana, diante da perspectiva de redução da oferta causada pelo agravamento do conflito no Oriente Médio.


Na próxima semana, o mercado brasileiro estará atento à atuação do Congresso: se, de fato, a MP do IOF será derrubada e se o governo compreenderá o recado de que os aumentos de impostos chegaram ao limite. Agora, é hora de buscar soluções estruturais — e não apenas remendos.


Até a próxima semana!

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