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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 27 de jun.
  • 5 min de leitura
"A paz não pode ser mantida à força. Ela só pode ser alcançada pelo entendimento." -Albert Einstein

A semana foi marcada pelo arrefecimento do conflito entre Irã e Israel e pelo acirramento do clima político em Brasília. Após o ataque americano ao complexo nuclear de Fordow, Israel e Irã concordaram com um cessar-fogo, afastando os temores de uma terceira guerra mundial.


Na capital federal, o Congresso Nacional e o Senado derrubaram o decreto sobre o IOF, o que promete dificultar ainda mais o avanço das reformas necessárias para tornar as contas públicas sustentáveis.


Já nos Estados Unidos, a divulgação de informações sobre um possível acordo comercial com a China impulsionou os mercados, levando a Bolsa americana a se aproximar de suas máximas históricas. Mais detalhes a seguir.


EUA

Conforme falado, os mercados iniciaram a semana em tom otimista após o ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas. A Casa Branca classificou a ação cirúrgica como um grande sucesso, afirmando que ela teria eliminado a capacidade do Irã de produzir uma arma nuclear — o que, por si só, reduziria significativamente o risco geopolítico na região.


Entretanto, um relatório do Pentágono questiona a eficácia da operação e sugere que as áreas mais sensíveis e estratégicas do complexo de Fordow não teriam sido atingidas. Assim, o risco de o Irã desenvolver uma bomba nuclear nos próximos anos ainda persistiria. O cessar-fogo entre Israel e Irã trouxe alívio adicional aos mercados. Como reflexo, as bolsas americanas subiram, enquanto o ouro recuou e o petróleo devolveu os ganhos recentes, voltando a ser negociado abaixo dos US$ 70 por barril.


No campo econômico, o PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre apresentou retração de -0,5%, pior que a expectativa de -0,2%. Na leitura anterior, antes dos impactos da guerra tarifária, o crescimento havia sido de +2,4%. O Índice de Gastos Pessoais (PCE), principal medida de inflação acompanhada pelo Federal Reserve, veio em linha com as projeções: alta de 0,1% em maio e de 2,3% em 12 meses. Já o núcleo do índice, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,2% no mês — acima da expectativa de 0,1% — acumulando alta de 2,7% em 12 meses.


Ao prestar esclarecimentos ao Congresso, o presidente do FED, Jerome Powell, adotou um tom mais brando do que o esperado em relação à condução da política monetária, o que reforçou as apostas do mercado em um corte de juros ainda este ano. O mandato de Powell se encerra no ano que vem, e as apostas são de que Donald Trump nomeará alguém mais "leniente" com a inflação.


O grande destaque da semana, no entanto, foi o anúncio — ainda sem muitos detalhes — de um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. As duas nações concordaram com uma estrutura para implementação do Acordo de Genebra: a China se comprometerá a fornecer Terras Raras aos EUA, enquanto os americanos flexibilizarão as restrições à exportação de tecnologia e à concessão de vistos a estudantes chineses em universidades norte-americanas.


Brasil – Política

O evento político da semana foi a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que revogou o decreto do IOF, com uma votação expressiva de 383 votos a favor e 98 contrários. Em seguida, o PDL também foi aprovado pelo Senado. O último decreto presidencial derrubado pelo Congresso havia sido em 1992, durante o governo Collor. Segundo especialistas, uma situação de desarticulação e atrito entre o Executivo e o Legislativo dessa magnitude só encontra paralelo recente no período pré-impeachment da presidente Dilma Rousseff.


Diante desse cenário, o governo agora vislumbra três alternativas — todas consideradas altamente improváveis — para contornar a crise: (i) criação de novas fontes de receita, por meio do aumento de impostos, medida que tende a ser barrada pelo Congresso; (ii) corte de gastos, possibilidade que o Planalto reluta em aceitar; ou (iii) judicialização da questão, levando o mérito ao STF — onde o governo conta com maioria favorável — mas ao custo de um desgaste político ainda maior junto à sua base.


Brasil – Indicadores econômicos

Nesta semana, foi divulgada a ata do Copom, na qual o comitê detalhou e reforçou o tom austero do comunicado pós-decisão da semana anterior. As expectativas de início do ciclo de cortes de juros, antes previstas para o fim deste ano, foram postergadas para 2026. Com a ata publicada na última terça-feira, o comitê praticamente descartou qualquer afrouxamento monetário antes das eleições.


Na quinta-feira, foi divulgado o IPCA-15, prévia da inflação de junho, que não apenas mostrou desaceleração em relação ao mês anterior, como também veio abaixo das expectativas do mercado — sinalizando que o aperto monetário promovido pelo Banco Central começa a surtir efeito. Os dados recentes de inflação corroboram esse movimento: os alimentos apresentaram deflação, o índice de difusão recuou, e houve queda nos núcleos de inflação de serviços, tradicionalmente mais rígidos.


Nesta sexta, foi divulgado o IGP-M de junho, que registrou deflação de - 1,67%, bem acima da estimativa de -1,02% e mostrando aceleração em relação a maio, quando o índice havia caído -0,49%.


A arrecadação federal em maio cresceu 7,6% em termos reais (acima da inflação) na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado de 2025, a receita registra alta de 4% acima da inflação, indicando que o desequilíbrio fiscal parece decorrer mais do lado das despesas do que da arrecadação. Um exemplo disso é o gasto com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que já soma R$ 52,3 bilhões no ano — uma alta real de 10,6% em relação a 2024.


Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira

A Bolsa brasileira encerrou a semana com leve queda de 0,2%, enquanto o IFIX avançou 0,6%. O dólar recuou 0,5%, fechando a R$ 5,48. Já o DI futuro com vencimento em janeiro de 2027 caiu 10 pontos-base, para 14,18%, influenciado positivamente pelos dados benignos de inflação divulgados ao longo da semana, apesar do tom mais duro adotado na ata do Copom.


Nos Estados Unidos, o cessar-fogo entre Israel e Irã provocou uma queda de 11,8% no preço do petróleo, com o barril encerrando a semana cotado a US$ 66,78. A calmaria no Oriente Médio, aliada ao anúncio de um acordo comercial entre EUA e China, impulsionou o S&P 500, que flertou com o recorde histórico, próximo dos 6.184 pontos — alta de 3,2% na semana e de 4,7% no acumulado do ano. Com a redução das incertezas geopolíticas, o ouro recuou 2,8%, embora ainda acumule valorização de 24,8% no ano.


As bolsas de Xangai e da zona do euro também refletiram o otimismo global, com altas semanais de 1,9% e 2,3%, respectivamente. Apesar da melhora no cenário internacional, o dólar americano segue perdendo valor frente às principais moedas globais. O índice DXY recuou 1,4% na semana e já acumula queda de 10,2% no ano, com o foco do mercado voltado para o crescente desequilíbrio fiscal dos Estados Unidos.


Até a próxima semana!

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