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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 4 de jul.
  • 4 min de leitura

Apesar do agravamento da turbulência política em Brasília, somado a um risco fiscal ainda sem solução — tratado apenas com medidas paliativas —, os ativos de risco brasileiros tiveram uma semana bastante positiva. O Ibovespa atingiu um novo recorde nominal, enquanto o dólar recuou para níveis próximos de R$ 5,40.


Nos Estados Unidos, as bolsas registraram mais uma semana de ganhos, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando suas máximas históricas. Isso ocorreu mesmo diante do aumento das incertezas tarifárias, intensificadas com a aproximação do dia 9 de julho — data em que se encerra a trégua de 90 dias e entram em vigor as tarifas recíprocas, conforme prometido por Donald Trump.


Brasil – Política

O Planalto resolveu dobrar a aposta e ingressou com uma ação no STF contra a PDL (Projeto de Decreto Legislativo) aprovada pelo Congresso e pelo Senado, numa tentativa de manter o aumento do IOF. O presidente parte para um confronto direto com o Parlamento — uma aposta arriscada. Como forma de pressão, Lula ameaçou vetar o projeto que prevê o aumento no número de deputados federais e estaduais — uma proposta, honestamente, merecedora de veto. Como consequência, a regulamentação da reforma tributária (lembram dela?) e o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais foram adiados pelo Congresso para depois do recesso.


Por fim, é importante lembrar que os super-ricos brasileiros (e globais) têm meios de evitar tributações mais severas, seja por meio da mudança de residência fiscal, seja por meio do uso de offshores. A proposta do governo Lula enfrentará obstáculos práticos relevantes, a menos que haja uma cooperação internacional mais rígida contra os paraísos fiscais — algo improvável no curto prazo. Muitos bilionários brasileiros, como Saverin, Telles, Lehmann, Sicupira, Safra, entre outros, já não são residentes fiscais no país, e os demais devem seguir o mesmo caminho, o que poderá provocar uma expressiva fuga de capitais. Em teoria, a intenção do governo é nobre; na prática, a experiência internacional mostra que os resultados raramente correspondem às expectativas.


Brasil – Indicadores econômicos

A dívida bruta do Brasil subiu para 76,1% do PIB em maio, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação a abril, atingindo R$ 9,3 trilhões. Nos últimos 12 meses, os gastos do governo apenas com os juros dessa dívida somaram R$ 946 bilhões.


O CAGED de maio decepcionou ao registrar a criação de apenas 148 mil vagas de emprego, abaixo da expectativa de 179 mil, e muito aquém do forte resultado de abril, que foi de 257 mil. Já a atividade industrial no mesmo mês, em relação a abril, apresentou retração de 0,5%, em linha com as projeções dos economistas — após uma queda de 0,2% no mês anterior.


A alta da Selic tem impactado não apenas a atividade econômica, mas também os índices de inflação, que vêm apresentando sinais de melhora. O Boletim Focus do Banco Central, divulgado esta semana, mostrou que, pela quinta semana consecutiva, os analistas reduziram a projeção de inflação para este ano, agora estimada em 5,20%.


EUA

O relatório ADP Nonfarm Employment, que mede a criação de empregos em uma parcela do setor privado, registrou o fechamento de 33 mil vagas em maio — algo que não ocorria desde 2021. O dado gerou certa apreensão, mas o mercado interpretou o enfraquecimento do mercado de trabalho como um possível catalisador para cortes de juros por parte do Federal Reserve.


No dia seguinte, porém, o relatório oficial do governo, o Nonfarm Payroll — que inclui também os empregos públicos — mostrou a criação de 147 mil novas vagas, superando tanto o número de abril (144 mil) quanto as estimativas, que apontavam para 111 mil. Com isso, as expectativas de corte de juros pelo Fed foram postergadas, embora o mercado ainda projete o início do afrouxamento monetário para o terceiro ou quarto trimestre deste ano.


Na próxima quarta-feira, dia 9, encerra-se a trégua de 90 dias sobre as tarifas recíprocas impostas por Donald Trump. Há expectativa de renovação, em nome da estabilidade do comércio internacional, mas Trump tem afirmado que isso não ocorrerá. Até o momento, apenas o Reino Unido e o Vietnã assinaram acordos bilaterais que garantem tarifas mais baixas sobre os produtos exportados para os Estados Unidos


Hoje é celebrado o feriado de Independência nos EUA, e Trump comemora a data com a aprovação de seu “grande e lindo” projeto de lei orçamentária, aprovado tanto pelo Senado quanto pela Câmara. O projeto prevê cortes permanentes de impostos, que devem totalizar US$ 4,5 bilhões, compensados — de forma insuficiente — por restrições em programas sociais. A estimativa é de que essas medidas elevem o déficit americano em US$ 3,3 trilhões ao longo dos próximos dez anos. Atualmente, o déficit total dos Estados Unidos já soma US$ 36 trilhões.

Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira

O Ibovespa atingiu um recorde nominal ao superar os 141 mil pontos, com alta de 3,2% na semana e de 17,5% no acumulado do ano. Apesar do patamar histórico, o índice ainda se encontra abaixo da média em termos de P/L — ou seja, considerando o lucro gerado pelas empresas para cada real de seu preço em bolsa. O dólar caiu 1,3% na semana, sendo cotado a R$ 5,41, e acumula uma desvalorização de 12,5% em 2025.


O dólar caiu 1,3% na semana, sendo cotado a R$ 5,41, e acumula uma desvalorização de 12,5% em 2025.


Até a próxima semana!

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