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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 22 de ago.
  • 5 min de leitura
“Por mais bonita que seja a estratégia, você deve ocasionalmente analisar os resultados.” - Wiston Churchill

A semana caminhava para um encerramento negativo tanto para os ativos de risco brasileiros quanto para os americanos. Nos Estados Unidos, o discurso de uma dirigente do FED arrefeceu as apostas de corte de juros. Além disso, as ações de tecnologia recuaram após declarações de Sam Altman, e alguns resultados de grandes varejistas, como o Walmart, decepcionaram, contribuindo para a queda das bolsas.


No Brasil, dois fatores pesaram sobre os mercados: uma pesquisa de opinião apontou recuperação na popularidade de Lula, que vem se fortalecendo no embate político com Trump; e a decisão de Flávio Dino, na terça-feira, trouxe insegurança jurídica ao setor bancário.


Todo esse pessimismo, entretanto, dissipou-se nesta sexta-feira, quando os mercados se recuperaram após o discurso de Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole, em que o presidente do FED sinalizou abertura para um corte de juros.


Brasil – Política

Uma nova pesquisa de opinião da Genial/Quaest mostrou que a aprovação do governo Lula subiu de 43% para 46% neste mês, enquanto a desaprovação recuou de 53% para 51% no mesmo período. Dois fatores, um econômico e outro político, explicam a melhora nos índices do presidente. A recente queda nos preços dos alimentos contribuiu para aliviar o custo de vida das famílias mais carentes. No campo político, a postura firme de Lula, em confronto direto com Trump, tem sido interpretada como um sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais.


O curioso é que a mesma pesquisa revela que 67% dos entrevistados acreditam que a negociação, alternativa evitada por Lula até o momento, seria a melhor saída para a crise com os EUA. Em outro levantamento da Genial/Quaest, Lula venceria qualquer candidato da direita em um eventual segundo turno. Se depender da atuação de Eduardo Bolsonaro em Washington, Lula pode, inclusive, vislumbrar um quarto mandato.


No Congresso, porém, a popularidade do presidente enfrenta obstáculos. A CPMI do INSS foi dominada pela oposição, que conseguiu emplacar um presidente disposto a desgastar o governo. Já a PEC dos Precatórios, que beneficiaria o Planalto ao retirar essas despesas do limite de gasto primário, foi suspensa no Senado diante do risco de derrota.


Apesar de nenhuma lei estrangeira ter efeito direto no Brasil, o anúncio de Flávio Dino (STF) — de que ordens judiciais e executivas de governos estrangeiros não produzem efeitos no país sem homologação do Supremo — causou forte reação no mercado na última terça-feira. O motivo é que o ministro Zanin era o relator da ação que tratava de limitar a aplicação da Lei Magnitsky, e havia expectativa de uma solução “conciliadora”. Com sua manifestação, Dino parece ter “atropelado” o colega, ou, no mínimo, antecipado uma decisão sensível, o que gerou insegurança jurídica no sistema financeiro nacional.


O impacto foi imediato: as ações dos bancos perderam mais de R$ 42 bilhões em valor de mercado, refletindo o temor de um impasse insolúvel para as instituições brasileiras. Alguns especialistas avaliam, contudo, que os bancos poderiam, de forma preventiva e unilateral, encerrar contas de indivíduos, amparados em políticas internas de compliance. Tal medida, segundo eles, evitaria o descumprimento tanto da Lei Magnitsky quanto das decisões do STF.


Brasil – Indicadores econômicos

O IBC-Br, prévia do PIB calculada pelo Banco Central, registrou retração de 0,1% na atividade econômica em junho, enquanto os economistas projetavam alta de 0,1%. Foi o segundo mês consecutivo em território negativo — em maio, o indicador já havia recuado 0,7%. O resultado reforça a desaceleração econômica em curso e tende a contribuir para a melhora dos índices inflacionários, abrindo espaço para que o Banco Central inicie o ciclo de cortes de juros.


Antes da divulgação do IBC-Br, o Boletim Focus já havia sinalizado uma expressiva queda nas expectativas de inflação. Pela primeira vez em 2025, a projeção do mercado para o IPCA, em queda há 12 semanas consecutivas, recuou para abaixo de 5,00%, chegando a 4,95%.


EUA

As empresas de tecnologia que vinham surfando a onda da inteligência artificial foram as grandes perdedoras da semana. O alerta de Sam Altman, fundador do ChatGPT, sobre o excesso de euforia dos investidores, somado a resultados de receita abaixo do esperado, pressionou o setor. Além disso, vários analistas têm destacado os níveis recordes de valorização das ações de tecnologia, classificando o momento atual como uma possível bolha.


Após a divulgação de pedidos de auxílio-desemprego acima do esperado, o mercado passou a precificar de forma mais enfática um corte de juros em setembro, atribuindo probabilidade de 90%, segundo o MarketWatch. Contudo, ontem, Beth Hammack, presidente do FED de Cleveland, afirmou não enxergar razões para reduzir os juros diante de uma inflação ainda persistente e “caminhando na direção errada”. A declaração foi um balde de água fria nos investidores, levando a probabilidade de corte projetada pelo MarketWatch a recuar de 90% para 70%.


Já hoje, em seu discurso no simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell não se comprometeu com uma decisão imediata, mas sinalizou abertura para o início de um ciclo de cortes. Embora a inflação permaneça acima da meta e a atividade econômica ainda demonstre resiliência, Powell ressaltou que o enfraquecimento do mercado de trabalho tem superado as expectativas, o que representa um risco relevante e justificaria um afrouxamento monetário.


China

O PBoC (Banco Popular da China) manteve as taxas de juros inalteradas, com a taxa de referência de 1 ano em 3% e a de 5 anos em 3,50%.


Após anos de atritos e confrontos armados, China e Índia anunciaram planos para demarcar a disputada fronteira entre os dois países, em um gesto que busca aproximá-los e estimular maior cooperação no comércio e no turismo. Observa-se que a política errática de Trump vem enfraquecendo os laços dos Estados Unidos com diversas nações, ao mesmo tempo em que parece fortalecer a integração entre esses países.


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Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira

Conforme mencionado, o discurso de Jerome Powell nesta sexta-feira funcionou como uma injeção de otimismo nos mercados, levando os ativos de risco a recuperarem as perdas da semana. A Bovespa e o S&P 500 reverteram as quedas, enquanto os juros futuros no Brasil (DI janeiro 2027) e o Treasury de 10 anos recuaram em suas taxas. Cortes nos juros americanos tendem a enfraquecer o dólar frente a outras moedas e favorecem o fluxo de capitais para economias emergentes, incluindo o Brasil. Além disso, um afrouxamento monetário nos EUA abre espaço para que o Banco Central brasileiro siga o mesmo caminho, diante da redução do spread de juros entre os dois países.


A Bolsa de Xangai alcançou seu maior nível em dez anos, impulsionada pelo desempenho de algumas fintechs e pela ausência recente de atritos na guerra comercial com os EUA. Ainda que não exista um concorrente à altura do dólar, investidores globais vêm reduzindo gradualmente sua exposição à moeda e à bolsa americana, em razão da atual instabilidade política e comercial nos Estados Unidos.


Na próxima semana, no Brasil, serão divulgados o IPCA-15 — prévia da inflação oficial de agosto —, os dados do Caged e o resultado do déficit orçamentário. Nos EUA, a atenção se voltará para o PCE, principal indicador de inflação acompanhado pelo FED.


Até lá!

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