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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 29 de ago.
  • 4 min de leitura
“Se votar fizesse alguma diferença, eles não nos deixariam fazer isso.” - Mark Twain

A semana começou com os investidores ainda animados pelas declarações de Jerome Powell, na sexta-feira passada, que sugeriram a possibilidade de corte nos juros já em setembro. Ao longo dos dias, o mercado esteve atento ao balanço da Nvidia, que veio em linha com as expectativas dos analistas, aos novos dados de inflação e à tentativa de Donald Trump de destituir Lisa Cook do Federal Reserve.


No Brasil, ganhou destaque a operação Carbono Oculto, que revelou o profundo nível de infiltração do crime organizado (PCC) na economia real e no sistema financeiro, sob a complacência do Estado. Ainda assim, o que realmente influenciou os preços e sustentou a valorização semanal da Bolsa, além da queda do dólar, foram duas pesquisas eleitorais: uma indicando que a recuperação da popularidade de Lula pode ter chegado ao seu auge; e outra apontando o crescimento do governador de São Paulo nas intenções de voto.


Brasil – Política

Em pesquisa de opinião realizada pela Atlas, apurou-se que Tarcísio de Freitas venceria Lula em um eventual segundo turno, com 48,4% contra 46,6%, praticamente uma inversão do resultado registrado em julho. Já segundo a Paraná Pesquisas, no Estado de São Paulo, o atual governador alcançaria 50,4% dos votos, frente a 37,6% do petista, um desempenho superior ao obtido por Bolsonaro nas eleições de 2022, o que sugere a possibilidade de que outros estados sigam a mesma tendência, em razão da elevada rejeição ao ex presidente.


Brasil – Indicadores econômicos

O IPCA-15 registrou deflação de 0,14% em agosto, em linha com as expectativas, mas acima das estimativas de -0,23%. Apesar de ser a primeira deflação em mais de dois anos, o resultado trouxe certa decepção ao revelar pressões persistentes nos núcleos de inflação e no setor de serviços.


O CAGED reforçou o quadro de desaceleração da economia brasileira: foram criadas 129 mil vagas formais em julho, abaixo da projeção de 135 mil e bem inferior ao resultado de junho, quando haviam sido abertas 166 mil posições.


No campo fiscal, o cenário segue em deterioração. No acumulado em 12 meses, o déficit nominal do setor público alcançou R$ 968,5 bilhões, dos quais R$ 941,2 bilhões correspondem apenas ao pagamento de juros da dívida, restando um déficit primário de R$ 27,3 bilhões. A Selic a 15% encarece de forma significativa a rolagem desse passivo, e o paradoxo é evidente: a condição essencial para viabilizar a queda dos juros é justamente transformar o déficit primário em superávit.


EUA

Na segunda revisão do PIB do segundo trimestre, a economia americana apresentou crescimento de 3,3%, acima das expectativas de 3,0% e revertendo a queda de 0,9% estimada na primeira leitura — um sinal claro de resiliência da atividade. O núcleo do PCE (índice de gastos pessoais), principal indicador de inflação acompanhado pelo Federal Reserve, veio em linha com as projeções, registrando alta de 0,3% em julho e acumulando 2,9% nos últimos doze meses.


No turbulento cenário político americano, Donald Trump anunciou a demissão da diretora do Federal Reserve, Lisa Cook, citando um processo de fraude hipotecária do qual ela não foi condenada. Como o cargo é de mandato fixo, a medida representou mais um episódio de interferência da administração Trump. A legalidade da decisão já será analisada em audiência marcada por um tribunal. O episódio evidencia a tentativa de exercer influência política sobre uma instituição que desempenha um trabalho essencialmente técnico, que não deve, nem pode, ser guiado por interesses partidários ou ideológicos.


Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira
Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira

Apesar de o Ibovespa ter superado os 141 mil pontos, alcançando sua maior marca histórica, é importante lembrar que, em relação aos lucros das empresas, a Bolsa brasileira segue abaixo de sua média histórica. Isso indica espaço para novas altas, embora a evolução dependa fortemente do ambiente fiscal.


O destaque da semana em Wall Street foi a divulgação dos resultados trimestrais da Nvidia. Embora os números tenham vindo em linha com as expectativas, a empresa apresentou um guidance menos otimista. Entre os fatores que pesaram estão a interrupção das vendas, no último trimestre, do chip H20 para a China, em razão das restrições comerciais impostas por Trump e do desestímulo do governo chinês à aquisição de produtos da companhia. Além disso, a imposição de uma tarifa de 15% sobre os chips exportados deve reduzir a receita da fabricante em cerca de US$ 10,5 bilhões por ano.


A Nvidia tornou-se o símbolo da valorização das empresas impulsionadas pela onda da inteligência artificial. No ano passado, sozinha, a companhia chegou a valer o equivalente a todas as empresas listadas na Bolsa da Alemanha. Hoje, com valor de mercado em torno de US$ 4 trilhões, ela equivale à soma de toda a Bolsa alemã com todas as empresas da Bolsa francesa.


No Brasil, o mercado acionário parece ter retomado o otimismo observado no início do ano. No entanto, é fundamental lembrar que ainda há um longo caminho até o pleito de 2026 e que, nesse intervalo, a volatilidade deve ser intensa. A Bolsa costuma antecipar cenários e, não raro, exagera tanto nos movimentos otimistas quanto nos pessimistas.


Até a próxima semana!

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