A semana em 5 minutos
- joaobourdon8
- 5 de set.
- 4 min de leitura
“Os erros podem ser corrigidos por aqueles que observam os fatos, mas os dogmatismos não serão corrigidos por aqueles que estão apegados a uma visão.” - Thomas Sowell
A semana começou com os mercados em forte queda, diante da insegurança jurídica gerada pela disputa entre Trump e os tribunais em torno das tarifas comerciais, que deve se estender pelos próximos meses.
No Brasil, Brasília segue praticamente paralisada com o julgamento de Bolsonaro. Apesar do cenário político nebuloso, a semana foi novamente positiva para os ativos de risco, impulsionados pela expectativa de corte de juros pelo Fed, em duas semanas.
Brasil – Política
A oposição articula um projeto de lei de anistia para torná-lo elegível em 2026, enquanto o Centrão sinaliza apoio a uma proposta que alivie as penas de todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, com exceção do ex-presidente. O que se sabe é que um em cada quatro eleitores de Lula em 2022 desaprova o atual governo, um dado que reduz as chances do petista, a menos que seu adversário em 2026 traga o sobrenome do ex-capitão.
Brasil – Indicadores econômicos
Pela 14ª semana consecutiva, o Boletim Focus do Banco Central reduziu a projeção para o IPCA de 2025, agora em 4,85%. Para 2026, a expectativa de inflação é de 4,31%.
O PIB do segundo trimestre avançou 0,4%, acima da estimativa de 0,3%, mas bem abaixo da leitura anterior de 1,3%. Já a produção industrial de julho cresceu 0,2%, ligeiramente abaixo da expectativa de 0,3%, após a queda de 1,3% em junho. Ambos os indicadores reforçam a visão de desaceleração da atividade econômica, o que deve arrefecer a inflação e abrir espaço para um corte da Selic ainda este ano.
EUA
O cenário político foi marcado por forte turbulência após um tribunal decidir que a maioria das tarifas recíprocas impostas aos parceiros comerciais dos EUA é ilegal. Trump, como esperado, não aceitou a decisão e já recorreu à Suprema Corte, onde conta com maioria favorável, em um processo que pode se arrastar até 2026, gerando grande insegurança jurídica para os importadores americanos.
A tentativa de destituição da governadora do Fed, Lisa Cook, segue sem desfecho. Nesta semana, Trump indicou Stephen Mirian para substituir Adrian Kugler, que havia renunciado semanas atrás. Mirian, porém, precisa ser aprovado pelo Comitê Bancário do Senado e já causou mal-estar ao afirmar que o protecionismo comercial de Trump “não é inflacionário” e que as restrições à imigração seriam “deflacionárias”. Além disso, declarou que pretende manter seu assento no Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca mesmo após assumir o cargo no Fed, permanecendo assim formalmente vinculado ao Executivo, embora garanta que manterá independência nas decisões de política monetária.
No campo econômico, os dados divulgados indicaram desaceleração da atividade, o que animou investidores que aguardam um corte de juros em 17 de setembro. Vivemos o paradoxo em que más notícias para a economia acabam sendo boas para o mercado, por reduzirem os juros. Os PMIs (Índices de Gerentes de Compra) do ISM (Institute for Supply Management) vieram majoritariamente abaixo das expectativas e em terreno contracionista, com leituras inferiores a 50 pontos. Os pedidos das fábricas recuaram 1,3% em julho e os dados de emprego também decepcionaram: o JOLTS mostrou que, pela primeira vez desde a pandemia, há menos vagas disponíveis do que desempregados em busca de colocação. O ADP de agosto revelou que a criação de empregos privados foi apenas metade do esperado, e os pedidos de auxílio-desemprego superaram as estimativas. Por fim, o payroll — principal indicador do mercado de trabalho — confirmou a fraqueza: depois de 79 mil vagas em julho, já bem abaixo da média histórica, a leitura de agosto trouxe apenas 22 mil novas vagas, sinalizando um enfraquecimento inesperado e expressivo do mercado de trabalho.
Com o payroll decepcionante, o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros na próxima reunião do Fed é dado como certo. O mercado de juros já precifica outros cinco cortes até meados de 2026, movimento que pode sustentar a Bolsa americana em níveis recordes. Analistas, entretanto, alertam que a fraqueza no mercado de trabalho ainda não se refletiu nos índices de inflação, o que mantém incertezas sobre a margem de manobra do Fed neste ciclo de queda de juros.

Conforme mencionado, os dados do mercado de trabalho americano, mais fracos do que o esperado, reforçaram as apostas de corte de juros pelo Fed dentro de duas semanas. O mercado como um todo parece concordar com esse cenário: as taxas dos Treasuries de 10 anos recuaram de forma acentuada, enquanto a cotação do ouro disparou, acumulando alta de 37% no ano. Já o petróleo tipo Brent caiu 3% e acumula perda de 12% no ano, diante da perspectiva de menor demanda por parte dos EUA.
No Brasil, apesar da paralisia em Brasília e do cenário fiscal desfavorável, os ativos de risco se beneficiaram com a expectativa de queda dos juros americanos, que pode abrir espaço para o Banco Central seguir o mesmo caminho ainda este ano.
Até a próxima semana!
Comentários