"A semana foi positiva para os ativos de risco brasileiros, com a Bolsa em
alta, acompanhada da queda do dólar e dos juros futuros, apesar do aumento da
Selic na quarta-feira. O fluxo de capital estrangeiro contribuiu para a valorização
da Bolsa e a desvalorização do dólar.
Nesta segunda-feira, o Boletim Focus do Banco Central revelou uma forte
elevação na expectativa de inflação para 2025, que passou de 5,08% para 5,50%.
O principal fator para essa revisão foi o IPCA-15 divulgado na semana anterior,
que veio acima das expectativas, impulsionado, mais uma vez, pelo aumento dos
preços dos alimentos. Já a projeção para a Selic ao final deste ano manteve-se em
15%.
A semana também marcou a primeira “super-quarta” do ano, com o Banco
Central do Brasil e o Federal Reserve decidindo suas respectivas taxas de juros. O
BC brasileiro elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 13,25%, em linha com as
previsões do mercado, enquanto o Fed manteve os juros em 4,25%, também sem
surpresas. Essa foi a primeira decisão do Copom com nove dos onze membros
do colegiado, incluindo o presidente Gabriel Galípolo, indicados por Lula. Em seu comunicado, o Banco Central reiterou a expectativa de mais um
aumento de 1 ponto percentual em março e reconheceu que a economia
brasileira segue aquecida devido aos estímulos fiscais do governo, o que reduz a
eficácia da política monetária e mantém a inflação pressionada. Diferentemente de ocasiões anteriores, o presidente Lula não criticou a
decisão do Copom, reforçando a independência da autoridade monetária. Essa
postura, somada à declaração de que a Petrobras é livre para reajustar os preços
dos combustíveis, contribuiu significativamente para o otimismo dos
investidores, que enxergam a ausência de interferência governamental como um
fator positivo para os mercados. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros
inalterada em 4,25%. No entanto, essa pausa no ciclo de cortes não significa o fim
da flexibilização monetária, mas sim uma postura mais cautelosa da autoridade.
Segundo as atuais expectativas do mercado, o Fed deve realizar mais dois cortes
neste ano, de 0,25 ponto percentual cada, derrubando a taxa para 3,75%.
Em seu comunicado pós-reunião, o Fed sinalizou que não pretende reduzir
os juros no curto prazo, pois ainda aguarda mais dados que confirmem o
arrefecimento da inflação. Nesta semana, foi divulgado que o PIB dos EUA cresceu
apenas 2,3% no quarto trimestre de 2024 (em termos anualizados), abaixo da
expectativa de 2,7% e do crescimento registrado no trimestre anterior (3,1%). Esse
resultado reforça a perspectiva de continuidade da flexibilização monetária ao
longo do ano.
Nesta sexta-feira, foi divulgado o Índice de Gastos Pessoais (PCE), principal
indicador inflacionário utilizado pelo Fed. O núcleo da inflação em dezembro
subiu 0,2%, em linha com as expectativas, mas acima do 0,1% registrado em
novembro. No acumulado de 12 meses, o PCE ficou em 2,8%, também dentro das
projeções e inalterado em relação à leitura do mês anterior. Na semana passada, Donald Trump impôs uma tarifa de 10% sobre
produtos importados da China, um percentual bem inferior aos 60% prometidos
durante sua campanha. Isso reforça a tese de que sua estratégia de barganha
consiste em ameaçar com um cenário extremo para, depois, negociar condições
mais brandas. No entanto, a ameaça de tarifas de 25% sobre o petróleo
canadense e mexicano parece que será cumprida, com vigência a partir de
amanhã, o que tem impactado negativamente o humor dos investidores. Conforme já mencionado, a semana foi positiva para o mercado brasileiro.
O Ibovespa deve encerrar a semana em alta de 3,8%, acumulando um ganho de
5,7% em janeiro. Sem confundir causalidade com casualidade, historicamente,
sempre que o Ibovespa fechou janeiro em alta, também encerrou o ano no
positivo.
O dólar recuou 1,4% na semana, cotado a R$ 5,83, e acumula queda de
5,7% em janeiro. Já o contrato de DI futuro para janeiro de 2027 caiu 37 pontosbase na semana, para uma taxa de 15,02%, tendo chegado a ser negociado abaixo
dos 15%, a 14,80%.
Nos Estados Unidos, o S&P 500 caminhava para fechar a semana no
vermelho, mas reagiu nesta sexta-feira após a divulgação do PCE e registra uma
leve alta de 0,2%. O rendimento do Treasury de 10 anos caiu 11 pontos-base na
semana, para 4,51%, refletindo um mercado de juros mais tranquilo e
contribuindo para a valorização do ouro, que avançou 1,4% na semana e acumula
alta de 7,1% apenas em janeiro.
Na Europa, as bolsas tiveram uma semana positiva, subindo 5,3%,
impulsionadas pela inflação controlada e pelo corte de juros promovido pelo BCE,
que reduziu a taxa de 3,00% para 2,75% na quarta-feira.
Até a próxima semana!"

Fechamento da semana - números coletados às 15:00h desta sexta-feira |
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