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A semana em 5 minutos

  • joaobourdon8
  • 17 de abr.
  • 4 min de leitura

EUA

A semana começou com certo alívio após a Casa Branca flexibilizar as tarifas sobre eletrônicos importados da China. Em seguida, Trump suspendeu temporariamente as tarifas sobre automóveis e autopeças, alegando que a medida serviria para “dar tempo às montadoras de transferirem a produção para os EUA”. Segundo o próprio Trump, essas suspensões são apenas provisórias, e ele já sinalizou que os próximos alvos serão as indústrias de semicondutores e farmacêutica — o que devolveu o grau de incerteza ao seu nível máximo.

De acordo com especialistas, a equipe técnica do governo Trump, composta por Bessent e Hassett, havia formulado uma estratégia sofisticada, racional e bem estruturada para reorganizar as cadeias globais de produção em favor dos Estados Unidos. No entanto, sua implementação exigiria gradualismo e paciência. O problema é que a ala mais ideológica, liderada por Lutnik, assumiu a dianteira, conduzindo uma execução precipitada e desarticulada.

A China sinalizou que responderá à altura às ofensivas de Trump. O país já restringiu as exportações de terras raras — elementos estratégicos e fundamentais para diversos setores da indústria tecnológica americana —, solicitou a suspensão das encomendas de aviões à americana Boeing (o que fez as ações da brasileira Embraer dispararem) e também limitou a importação de produtos agrícolas dos Estados Unidos, medida que já vem beneficiando o agronegócio brasileiro.

Brasil

No Brasil, o evento político mais relevante foi a apresentação do orçamento de 2026, que projeta um superávit de 0,25% do PIB — valor que analistas consideram excessivamente otimista. Um ponto que chama a atenção são os pagamentos dos precatórios, que devem alcançar R$ 115 bilhões em 2026. Neste ano, a estimativa é de R$ 102 bilhões, dos quais R$ 52 bilhões não serão contabilizados para fins de apuração do superávit primário.

O próprio governo admitiu o risco de colapso das contas públicas em 2027, diante do atual ritmo de crescimento das despesas e das receitas superestimadas pela equipe econômica. O risco fiscal permanece presente, mas as incertezas geradas pelo governo Trump têm monopolizado a atenção dos investidores.

Juros EUA

O que mais chamou a atenção, porém, foram as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que adotou um tom cauteloso e reiterou que os juros só devem cair quando houver uma convergência consistente da inflação em direção à meta de 2%. Com isso, desaparece do horizonte a expectativa de que a autoridade monetária poderia “salvar” o mercado acionário por meio de um corte de juros em meio a uma iminente recessão — movimento conhecido como “Fed Put”.

Mercados globais

A União Europeia e o Reino Unido estão articulando um pacto de defesa mútua que deve beneficiar a indústria bélica do continente. O inimigo em comum — a Rússia — é um velho conhecido, mas o que motivou essa aliança foi a crescente desconfiança de que não podem mais contar com seu antigo aliado, os Estados Unidos.

Diante das incertezas tarifárias, o Banco Central Europeu cortou, mais uma vez, a taxa básica de juros, de 2,50% para 2,25%. Em março, o núcleo das vendas do varejo registrou alta de 0,5%, superando a expectativa de 0,4%. A produção industrial, por outro lado, apresentou retração de 0,3%, resultado pior que a estimativa de -0,2%.

O PIB chinês surpreendeu ao crescer 5,4% no primeiro trimestre, impulsionado por uma alta de 7,7% na produção industrial em março, refletindo o movimento antecipado do comércio americano diante da iminência de novas tarifas. A China ainda não sentiu os efeitos plenos das medidas impostas pelos EUA, mas vem, de forma diplomática, fortalecendo seus laços comerciais com outros países do Sudeste Asiático.

Paralelamente, o país avançou em sua estratégia de reduzir a dependência do dólar no comércio internacional, com o lançamento de um sistema concorrente ao SWIFT, utilizando o yuan como moeda. A nova plataforma já opera com 16 nações — seis do Golfo Pérsico e dez do Sudeste Asiático. Embora seja significativamente mais ágil, transmitindo valores em apenas sete segundos, ainda está longe de competir em escala com o SWIFT, cujas transações levam de três a cinco dias para serem concluídas.


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A semana foi positiva para o mercado brasileiro, que viu tanto o Ibovespa quanto o IFIX subirem, acumulando ganhos de 7,8% e 6,5% no ano, respectivamente. O dólar caiu, aproximando-se dos R$ 5,80, e a taxa do DI janeiro 2027 recuou em 10 pontos-base, para 14,26%.


No cenário internacional, tanto a bolsa chinesa quanto a europeia fecharam em alta, mas o destaque continua sendo o ouro, que já acumula um ganho de 26% no ano, impulsionado pelas incertezas geopolíticas. O barril de petróleo apresenta forte alta de 4,8%, mas recupera apenas parte das perdas recentes. O índice DXY indica que o dólar segue perdendo valor em relação a outras moedas de países desenvolvidos, enquanto a bolsa americana (S&P 500) acumula uma queda de quase 10% no ano. 

Comentário Final

Trump prometeu uma série de rupturas com o resto do mundo, acusando diversas nações de tirar proveito dos Estados Unidos e colocando em prática uma agenda isolacionista. No entanto, os efeitos dessa abordagem têm sido mais complexos do que o esperado. Embora o presidente esteja conseguindo alterar a atual ordem econômica global, esse movimento de isolamento não parece beneficiar os EUA até o momento. Enquanto o país se distancia de suas tradicionais alianças, outras nações estão aproveitando a oportunidade para formar blocos econômicos e políticos mais sólidos entre si, criando novas parcerias estratégicas. O resultado disso é um mundo no qual a liderança global americana está sendo fragilizada. Os EUA, ao se afastarem de suas antigas parcerias, podem estar preparando o terreno para que esses novos acordos, que não incluem os interesses americanos, venham a prejudicar a posição do país no futuro.


Até a próxima semana e feliz Páscoa a todos vocês! 



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